O Que Vemos Quando Lemos — Peter Mendelsund.

Peter Mendelsund em O Que Vemos Quando Lemos explora os desafios particulares de transformar palavras em imagens, numa combinação de ilustração com filosofia, crítica literária e teoria do design.

A tese  central do autor é a de que os leitores muitas vezes inventam imagens que o texto não justifica e argumenta que ler é cocriar e que nossas impressões de personagens e lugares devem tanto às nossas próprias memórias e experiências quanto aos poderes descritivos dos autores.

Peter Mendelsund, um dos mais conceituados designers editoriais contemporâneos , combina uma carreira artística premiada com a sua primeira paixão, a literatura, num dos mais provocadores e invulgares exercícios acerca da forma como compreendemos o ato de ler.

Poucos são os livros que na primeira olhada conseguem provocar vários dos nossos sentidos. Em O Que Vemos Quando Lemos a visão é a primeira sensação a ser estimulada quando o olhar do leitor é atraído espontaneamente para um livro cuja capa preta simples apresenta um título sugestivo em letras brancas e uma pequena fechadura dourada cintilante, porém muito convidativa.

Ao pegar o livro, o leitor capta um outro detalhe: o tipo de papel misto de tecido cetinoso, borracha, aderente às mãos utilizado na impressão da capa, contracapa e badanas. A cartolina e tinta fresca ao longo das 448 páginas do livro que têm fundo e manchas grandes negras, talvez explique o cheiro intenso a tinta, que faz com que o leitor a cada virada de folha identifique o aroma de livro e, claro, de sabedoria.

Tradicionalmente, os seres humanos possuem cinco sentidos principais: visão, olfato, paladar, audição e tato que são responsáveis pela nossa capacidade de interpretar o ambiente, ou seja, captar diferentes estímulos ao nosso redor e é o que o autor consegue dos leitores que ao lerem esta obra usem, pelo menos, quatro desses sentidos. “Quando lemos, escutamos mais do que lemos”, diz o autor.

Lançado pela Editora Elsinore, em outubro de 2015,  O que Vemos Quando Lemos é uma exploração singular e deslumbrante, inteiramente ilustrada, que busca entender e explicar a essência da leitura que, primeiramente,  nos é apresentada pelos sentidos. Cabe ao leitor, quer queira, quer não, quer saiba, quer não,  buscar e refletir sobre o sentido daquilo que se apresenta... 

→  O que é e para que serve a leitura?
→ O que é um bom livro?
→ Como saber distinguir a boa da menos boa literatura e por que as lemos?
→ Será que a literatura serve apenas para entreter e consolar as pessoas?
→ Como se forma no leitor o retrato mental de uma personagem de um romance que lê?
→ Como visualizarmos imagens a partir da leitura de obras literárias?
→ O que vemos quando lemos além de palavras impressas numa página?
→ O que imaginamos nas nossas mentes?

Para dar resposta a estas perguntas e a outras, o autor, ao longo de toda a obra, recorre a  várias obras de ficção conhecidas pela maioria dos leitores, como Ulisses, Moby Dick,  Jane Eyre, sendo que os mais citados são os clássicos Anna Karénina, de Lev Tolstói e Rumo ao Farol, de Virginia Woolf ou a escritores como Italo Calvino.

Mas, até que ponto num livro, a caracterização física e psicológica bem pormenorizada, visualmente bem definida e caracteritirizada, como fez Agatha Christie a Hercule Poirot, pode contribuir para que o leitor crie mais empatia por uma determinada personagem?

Num estilo único, erudito e informal, Peter Mendelsund descreve  a experiência da leitura, explora detalhadamente termos técnicos utilizados por escritores e todos envolvidos ao mundo da edição na composição de um livro, como imagem, signo, metáfora, símbolo, código, modelo e significado,

Tudo exemplificado não apenas por palavras mas por ilustrações, diagramas, gráficos, colagens, estampas de livros, etc. O Que Vemos Quando Lemos (What We See When We Read, título original publicado no Verão de 2014) reflete a ideia de que a leitura não é e nunca pode ser um processo sem rodeios.

O Que Vemos Quando Lemos apresenta a arte, a provocação e as ideias de Peter Mendelsund. “Um tratado ilustrado e divertido que explora os desafios particulares de transformar palavras em imagens, numa combinação de ilustração com filosofia, crítica literária e teoria do design”, escreveu o The New York Times.

Mendelsund consegue nos conduzir para dentro dos livros possibilitando, dessa forma, que a ficção alcance a nitidez. Uma combinação de ilustração, filosofia, crítica literária e teoria do design, que com certeza pode se tornar em um dos mais interessantes lançamentos do ano. O Que Vemos Quando Lemos é um livro para ser lido e relido por todos os tipos de leitores: escritores, editores, designers, críticos literários e estudantes de Literatura.

Um pouco sobre o autor
Peter Mendelsund, 46 anos, designer editorial norte-americano é diretor de arte associado da Alfred A. Knopf, cujo trabalho tem sido reconhecido pelo Wall Street Journal como um dos maiores criadores de capas de livros de ficção contemporânea.  

Atualmente, Mendelsund está fazendo sua estreia como escritor: What We See When We Read (O que vemos quando lemos) que gira em torno do peculiar desafio de transformar palavras em imagens e Cover (Capa), uma obra ilustrada contendo mais de 300 de suas sobrecapas mais marcantes e esboços rejeitados com destaque para as mais equilibradas e inovadoras Leaving the Sea, The Trial, The Woman Destroyed, The Girl with the Dragon Tattoo, Hopscotch, Ulysses e Crime and Punishment. 

Criador de capas chamativas para obras de gigantes literários já mortos, como Kafka, Dostoiévski, Tolstoi e Joyce, Mendelsund não gosta de trabalhar com escritores cheios de exigências, que fazem questão de uma fonte, uma cor, uma imagem ou um tema visual específicos. “O produto final fica horrível”, explicou.


“Enquanto leitores, somos tanto o maestro quanto a orquestra, assim como audiência.” — Peter Mendelsund


O Que Vemos Quando Lemos
Autor: Peter Mendelsund
Editora: Elsinore
Data de Publicação: Outubro de 2015
Preço: R$: 65,40

Tags:
Vemos, lemos , desafiosparticulares, palavras, imagens, ilustração, filosofia, crítica literária e teoria do design.