Hippie – Paulo Coelho


Hippie do escritor Paulo Coelho é um livro autobiográfico, onde o autor narra um pouco de sua história de vida com drogas, tortura, prisão e aventura, no auge do movimento hippie. Nesta obra, o autor conduz o leitor a reviver o sonho transformador de uma geração que lutou, entre outros,  pela liberdade no comportamento social, a igualdade dos direitos civis e o fim das guerras que aconteciam naquele momento.

A ideia do autor ao escrever Hippie era recriar o espírito hippie da época. Mas o desejo principal era dar um testemunho do retrato daquele tempo e contrapor ao tempo que estamos vivendo hoje.

Ele diz ainda que resolveu escrever esse livro para tentar acabar com a polarização que o Brasil vive hoje. E também aproveita para mandar uma mensagem de tolerância a um mundo tão intolerante. Por um mundo finalmente livre da opressão.

“Eu já vinha pensando nesse livro...  mas não estava decidido ainda a escrevê-lo.” “Mas, ao acompanhar horrorizado esse fundamentalismo que fomenta a intolerância e a falta de diálogo dos dias atuais, eu me lembrei da minha época de hippie, em que as pessoas aceitavam todas as crenças e as escolhas do outro. Senti necessidade de tocar nesse assunto.”

O livro de cunho biográfico, conta a trajetória de Paulo, um jovem aspirante a escritor e ávido pelas culturas místicas e misteriosas, no início dos anos 1970, abandona a vida convencional e decide viajar pelo mundo em busca da liberdade e do mais profundo significado da existência.  

“Inicialmente, pensei em uma trama com um tom mais vago, mas, bastou escrever os três primeiros parágrafos do livro, que percebi a necessidade de passar a minha reflexão sobre a época.”

Na obra, narrada em terceira pessoa, o protagonista, vive as experiências que o próprio escritor viveu. Coelho relembra com emoção assuntos definitivos, como sua viagem a Machu Picchu e a ida à Europa, especialmente à Holanda onde iniciou a agora famosa jornada no Magic Bus, ônibus que conduzia adeptos da vida em liberdade plena de Amsterdã a Katmandu, no Nepal, percurso de aproximadamente 14 mil quilômetros.

Um ano antes de Woodstock, ainda no Brasil, o personagem Paulo e sua namorada de então, passam pela terrível experiência de prisão como terrorista pela ditadura brasileira, em 1970,  enquanto viajam pela América do Sul.

“Quando escrevi esses trechos, eu não percebi mas exibia um profundo mal estar”, conta Paulo Coelho. “A ponto de minha mulher me perguntar várias vezes se eu estava bem, algo que não costuma acontecer.”

Sua agonia deve ter atingido um alto grau quando escreveu uma das passagens mais impressionantes de Hippie, quando os torturadores preparam um aparelho chamado “telefone” — na verdade, uma máquina de produzir choques.

“Relembrar esse momento foi como sangrar novamente”, conta Coelho, ainda sensibilizado. “Foi preciso para fechar definitivamente a ferida. Senti um alívio ao terminar essa passagem do livro.”

A cena, forte, contrasta com o tom que predomina no restante da obra, uma acalentada história de amor entre pessoas que passam por profundas transformações, abraçando novos valores para suas vidas.

Liberado pela polícia, o casal se separa e Paulo segue para Londres, onde o mundo se renova. Quando chega em Amsterdã, conhece Karla, uma jovem holandesa, muito idealista, também em busca de um novo significado para sua vida e que procura uma companhia para ir de ônibus até o Nepal.

Os dois se envolvem e decidem seguir juntos nessa jornada. Durante o caminho, eles constroem uma bonita história de amor que preserva a busca de cada um. Ao embarcarem em uma grande viagem no “Magic Bus”, da Holanda ao Nepal, ao lado de outras pessoas que buscavam um sentido da vida, passam ainda por transformações profundas e também abraçam novos valores para suas vidas.

Apesar do “Magic Bus” não ser propriamente um personagem, Paulo Coelho, em sua narrativa, o constrói de maneira extremamente significativa, como se tivesse vida própria. Seus integrantes são importantes à narrativa contando suas histórias de vida, como, por exemplo, um dos motoristas do Magic Bus tinha uma história marcante quando prestou auxílio médico à população carente na África a bordo de um velho fusca, que resistiu a todas as aventuras.

Outro exemplo, é o passageiro que havia sido um alto executivo em uma das mais importantes multinacionais francesas e embarcou no ônibus junto com sua filha, que tinha sido uma ativista maoista no Maio de 68 parisiense.

Ao longo do percurso, os passageiros passam por grandes transformações em relação a suas prioridades e seus valores. Numa parada forçada do Magic Bus em Istambul, na Turquia,  Paulo interrompe a viagem para realizar seu sonho de viver sob os ensinamentos do sufismo e de encontrar os dervixes, que indicará um novo rumo para sua vida.

“Só um hippie poderia contar essa história, na qual a vida vai além”, observa Coelho.

Hippie é o vigésimo livro de Paulo Coelho e foi escrito em menos de um mês, na Suíça, onde ele mora. O livro termina com a enigmática frase: “Amor é uma pergunta sem resposta”.

É uma leitura recomendada para quem quer conhecer um pouco mais sobre a década de 70, do movimento Hippie, da cultura sufi e da própria experiência do autor em sua busca pelo sentido da existência e de sua identidade espiritual.

Hippie é o mais autobiográfico dos livros de Paulo Coelho que se tornou sinônimo de sucesso graças a números astronômicos de vendas, cerca de 225 milhões de exemplares em todo o mundo e em 81 línguas, tendo ao menos um livro seu comercializado em 170 países.

Título: Hippie
Autor: Paulo Coelho
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 296
Ano:      2018
Preço - capa comum: A partir de R$ 24,89
Preço - Kindle: R$ 9,90

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