Uma Boa Vida – Robert Waldinger e Marc Schulz

[...Se você tivesse que tomar uma única decisão vital, neste exato momento, para aumentar suas chances de ter saúde e felicidade no futuro, qual decisão tomaria: Escolheria guardar mais dinheiro todo mês? Mudaria de carreira? Viajaria mais?  Qual decisão seria capaz de assegurar que, em seus últimos dias, você pudesse olhar para trás e dizer que teve uma boa vida? ...]

Uma pesquisa de 2007 perguntou aos millennials (a geração de pessoas nascidas entre 1981 e 1995) quais seriam seus objetivos de vida mais importantes. Enriquecer ficou em primeiro lugar para 76% dos entrevistados e metade deles mencionou a busca pela fama.

Mais de uma década depois, quando esses millennials já eram adultos mais experientes, perguntas semelhantes voltaram a ser feitas por dois levantamentos. A fama tinha perdido algumas posições na lista, mas os principais objetivos ainda incluíam ganhar dinheiro, ter uma carreira de sucesso e livrar-se das dívidas.

Uma Boa Vida — de como viver com mais significado e realização de Marc Schulz e Robert Waldinger, que está na lista dos mais vendidos pelo New York Times, revela que são os nossos relacionamentos que mais nos trazem realização, saúde e felicidade.

Amparados por décadas de pesquisas, no Estudo de Harvard sobre o Desenvolvimento Adulto — o mais longo já realizado sobre a felicidade, os autores mostram que a qualidade das conexões que criamos com as outras pessoas influenciam diretamente nossa saúde física e mental ao longo dos anos.

O estudo aponta que todos os tipos de relacionamento — amizades, parcerias românticas, família, colegas de trabalho, etc. — contribuem para criar uma percepção de maior satisfação com a vida.

Professor de psiquiatria na Universidade Harvard, Waldinger é o quarto diretor do "Estudo de Harvard sobre Desenvolvimento Adulto", que existe desde 1938 e está em andamento até hoje. O trabalho é o maior que existe sobre o tema, e monitora questões sobre bem-estar, desenvolvimento e felicidade. Atualmente, a pesquisa está na segunda geração, composta pelos filhos dos primeiros participantes.

Questionado sobre as principais diferenças entre as gerações envolvidas no estudo, o pesquisador contesta que, na verdade, há mais coisas em comum do que diferenças.

As pessoas da primeira geração do estudo cresceram em um contexto de guerra mundial, com muito sofrimento ao redor. Talvez as da segunda geração tenham tido uma infância mais tranquila, com menos depressão, pois o mundo estava mais calmo. Entretanto, hoje, voltamos a viver situações mais conturbadas novamente.

Waldinger afirma que cultivar relacionamentos recíprocos, que contam com apoio mútuo e espaço para crescimento é o que traz mais felicidade.

O pesquisador ressalta que ter muito dinheiro ou fama não tem relação direta com a felicidade. Contudo, a pobreza influencia na satisfação com a vida. Waldinger aponta que, enquanto alguém não tem as suas necessidades básicas garantidas, ser feliz e pleno com a sua vida é uma tarefa difícil.

A partir do momento em que necessidades como alimentação, moradia e educação estão garantidas, porém, ganhar mais dinheiro não significa mais felicidade. É aí que está a importância de cultivar bons relacionamentos, desde os amorosos até aqueles mais superficiais com os seus colegas de trabalho.

Com o uso das redes sociais para nos conectarmos com as outras pessoas, ele acredita que as pessoas estão cada vez mais preocupadas com a sua imagem e com o que os outros estão pensando delas.

Contudo, ficar rolando o feed do Instagram, assistindo ao que os outros estão fazendo, não vai ser algo positivo a sua saúde mental. Assim, podemos usar as redes sociais ativamente para nos conectar com as pessoas, e a partir daí encontrar com elas e ter relacionamentos na vida real.

Convém lembrar que, ganhar dinheiro, ter uma carreira de sucesso e livrar-se das dívidas, estão entre os objetivos comuns e práticos que atravessam gerações e fronteiras, entretanto, ao mesmo tempo, essas mesmas gerações são bombardeadas o tempo inteiro com mensagens sobre o que nos fará felizes, sobre o que devemos desejar, sobre quem está “se dando bem” na vida.

No desenrolar da obra, o leitor vai conhecer as histórias pessoais de alguns participantes da pesquisa que tiveram suas experiências registradas em tempo real, da adolescência até seus últimos dias. A sabedoria que emerge dessas histórias poderá ajudar o leitor a compreender que nunca é tarde para fortalecer os laços com aqueles que os cercam, já que boas relações, segundo os autores, poderão ajudar a reduzir os níveis de estresse e também influenciar na maneira como lidar com dificuldades e situações desafiadoras.

Entretanto, assumindo que não é fácil lembrar que nossa própria existência quase nunca combina com o que imaginamos ser uma vida feliz, já que as coisas de que precisamos para “Uma Boa Vida” estão lá longe, no futuro e muitas vezes fora de alcance

É possível dizer que “A Boa Vida” talvez nunca aconteça de fato, já que “nossa vida” parece estar sempre enrolada e complicada demais para ser “Uma Boa Vida” e, portanto, imperfeita, já que é repleta de alegrias, tristezas, desejos, amor e também dor. Na verdade, é um processo que inclui turbulência, calma, leveza, fardos, lutas, realizações, retrocessos, saltos, quedas,e, claro, sempre termina com o inevitável — a morte.

Não há tempo para implicâncias, pedidos de desculpa, desgostos, acertos de contas, tão breve é a vida. Só há tempo para amar e apenas um instante, por assim dizer, para fazê-lo. — Mark Twain


Título: Uma Vida Boa 

Título original: The Good Life

Autores:  Robert Waldinger e Marc Schulz           
Tradução: Livia de Almeida
PreçoCapa comum: R$ 32,200 / Kindle
: R$ 33,89

           Audiolivro: R$  43,99

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Tags: Vida, Boa, Good, Life, Harvard, millenials, saúde, felicidade.