O Menino que queria ser Celular — Marcelo Pires


O Menino que queria ser Celular ilustra de uma forma sensível o quanto a ausência de diálogo e proximidade dos pais pode afetar uma criança. A tristeza do protagonista da história, um garoto de sete anos, chega a tal ponto que ele prefere deixar de lado sua vida para se transformar em um aparelho de telefone móvel.

O que levaria uma criança de sete anos desejar ser um celular? Marcelo Pires explica o motivo na obra que trata do relacionamento entre pais e filhos, deixando uma mensagem importante para todos os pais e mães: é preciso participar sempre da vida dos filhos, pois eles são mais importantes do que o trabalho. 

A determinação do menino é admirável. Ele chega a ligar para o serviço de informações de uma empresa de celular para ver se realizam seu desejo. Sem sucesso, ele busca uma aproximação com os celulares da casa e descobre que pode se comunicar com eles!

O garoto fica espantando quando o telefone de seu pai, o “Celular dos Celulares”, fala que já recebeu mais de um milhão de pedidos de crianças que também queriam virar celular. Por isso, eles decidem enviar uma mensagem para todos os pais do mundo:

A cada página, a obra chama a atenção do leitor pelos tons fortes, que aliado ao tamanho das letras e a diagramação do texto, no decorrer da história, contribuem para manter o leitor preso à história, além de valorizar a situação vivida pelo protagonista.

O ilustrador brinca com os números sugerindo diversos contornos de meninos e celulares — é como se eles acompanhassem o menino em sua trajetória.

A obra aborda o tema da família na sociedade moderna — a relação entre pais e filhos — e a tecnologia, especialmente o celular como instrumento preferencial de comunicação, quando a cultura de todo o planeta é ter um celular na mão.

A história é narrada pelo narrador-personagem (1ª. pessoa) e traz o ponto de vista de um garoto de 7 anos sobre seus pais em relação ao tempo gasto com as tarefas cotidianas estabelecidas pela sociedade moderna e a atenção dedicada a ele.

O garoto expressa o desejo de ser um celular porque este é o objeto mais próximo dos pais e da tia, com o qual interagem o tempo todo. Eles estão mais preocupados com eles mesmos, ou seja, sua prioridade são seus programas, amigos, diversão e trabalho, os quais impedem que eles percebam as necessidades do menino.

O protagonista, acredita que se ele fosse “o tal objeto” seria visto, ouvido e poderia até ser considerado membro participante daquela família. Assim, solicita ao “Seu Lular” que o transforme em um aparelho de telefonia móvel para que possa acompanhar os pais em todos os lugares.

Trata-se de uma leitura que conduz o leitor a refletir sobre atitudes e sentimentos dos personagens (a mãe, o pai, a tia e o “Seu Lular”) e, sobre ele mesmo, como esse leitor se vê em relação às coisas que o cercam e às pessoas com quem se relaciona e como as pessoas o percebem na sua maneira de ser.

Na verdade, o tempo todo estamos conectados, tanto que é muito raro, encontrar alguém que não tenha um dispositivo móvel, internet ou uma conta em alguma rede social. Será que estamos ficando dependentes dos dispositivos móveis, como nosso celular? E a resposta, é sim. 

Assim, fica a pergunta: Até quando, depois do aparecimento dos dados móveis, alguns pais, se não a maioria, bem como os demais familiares irão negligenciar a atenção para com seus pequenos por estarem muito ocupados com o celular?

De fato, fica até difícil encarar um retrato tão eficiente da sociedade à qual estamos vivendo e, pior que tudo, se reconhecer nele, o qual é traduzido neste livro que, inicialmente, é dedicado às crianças e jovens adolescentes. 

Trata-se de um livro simples, leitura leve e rápida que, sem dúvida alguma, “deve ser recomendado” mais para os próprios pais, tios, avós, cuidadores infantis, do que para os pequenos.

Sim, eu recomendo!  E para os indecisos, abaixo damos alguns “spoilers” sobre o livro e, depois, se for capaz, tente não ler o livro.

 












O Menino que queria ser Celular

Autor: Marcelo Pires

Ilustrador: Roberto Lautert

Editora: Melhoramentos

Preço: Ebook: A partir de R$ 26,40 - Capa dura: A partir de R$ 36,30

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Tags: Menino, aparelho, telefone móvel, celular, tecnologia, internet, rede social.