Ansiedade — Como Enfrentar o Mal do Século

Augusto Cury, psicanalista, professor e escritor, neste novo trabalho Ansiedade, ensina como enfrentar o mal do século — A Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA),  que considera mais nociva do que a depressão e acomete a maioria da população mundial.  Fala dos sintomas de alerta para um estado de ansiedade crônica e das técnicas para desacelerar e conter esse distúrbio, gerir a emoção de maneira eficaz e resgatar a qualidade de vida.

A SPA, considerado por Cury como o mal do século,  diz respeito à construção do pensamento. Assim, quando pensamos rápido demais ou em excesso, violamos o que deveria ser inviolável: o ritmo da formação de pensamentos. Isso gera consequências seríssimas para a saúde emocional, como a ansiedade.

Nossos pensamentos estão distorcidos e contaminados por nossa cultura e personalidade (quem sou), por nossa emoção (como estou), pelo ambiente social (onde estou) e por nossa motivação (o que intenciono).

Não há interpretações puras. As pessoas, por mais isentas que sejam, contaminam a construção de pensamentos, ainda que minimamente.

Mal do século – depressão ou ansiedade? Por que chegamos a esse nível de ansiedade? Devido aos excessos: excesso de trabalho intelectual, excesso de  atividades,  excesso de preocupação e, em destaque, o excesso de informação.

De fato, o  bombardeio de informações podem provocar uma sociedade ansiosa, que sofre por antecipação, acabando simplesmente com a qualidade de vida, ocasionando assim a síndrome.

A Síndrome do Pensamento Acelerado somatiza várias doenças e os sintomas psicossomáticos são como um grito de alerta — um sinal de que é necessário mudar o estilo de vida!

O fato é de que as pessoas ao perderem a capacidade de ter uma emoção estável, equilibrada, porque querem muito algo, quando alcançam, logo perdem o interesse e estão sempre em busca de novos estímulos para ter um pouco de satisfação.

Assim, se você sofre por antecipação; Acorda cansado; Não tolera trabalhar com pessoas lentas; Tem dores de cabeça ou muscular; Anda estressado, com dificuldade de relaxar; de dormir direito ou até se irritando com pouca coisa; Esquece-se das coisas com facilidade; Ou, simplesmente,  se identifica com uma dessas situações, é bem provável que sofra da Síndrome do Pensamento Acelerado.

Em suas conferências, Cury costuma perguntar para as pessoas quem tem seguro de vida ou seguro de carro  ou seguro empresarial ? E quase todos tem algum tipo de seguro. Entretanto, quando, em seguida, pergunta: quem tem seguro emocional? Ninguém ousa levantar as mãos.

Em geral, esses profissionais são ótimos para a empresa, mas carrascos de si mesmos. Acertam no trivial, mas erram muito no essencial. Ainda que possamos dizer que a mente humana é a mais complexa de todas as empresas  e a única que não pode quebrar, infelizmente,  é a que vai com maior facilidade à falência.

Cury ressalta que para desacelerar o pensamento e proteger a emoção, respeitar algumas técnicas são muito importantes:

Não ser o agiota da emoção
Agiota é aquele que empresta a juros caros e cobra caro a fatura. O agiota da emoção é aquele que se doa para seus filhos, seus colegas de trabalho, seu parceiro ou parceira e cobra caro a fatura, ou seja, pressiona para que eles gravitem na sua órbita. Tem necessidade neurótica de evidência social, quer controlar os outros.

Autoagiota da emoção
É aquele que não cobra dos outros, mas aquele que cobra demais de si mesmo e aumenta os níveis da exigência para ser feliz.

Então, reciclar essas duas características da personalidade é muito importante para desacelerar o pensamento. Além disso fazer a mesa redonda do eu, ou seja, o nosso eu tem de conversar com nossos fantasmas.

O nosso eu deve duvidar, criticar e  determinar ser feliz. Duvidar da ideia pertubadora, criticar o estado de ansiedade, criticar a  passividade do eu, e resgatar a liderança desse eu, determinando ser autor  da nossa  própria história.

“Tenha uma emoção saudável, uma mente brilhante, para que você possa influenciar outras pessoas também a terem uma emoção saudável, uma mente brilhante e criativa!”

Cury recomenda aliviar o sofrimento por antecipação e a ansiedade gerada pelas atividades do dia a dia. Assim, treinar seu eu a dar um choque de lucidez em cada pensamento perturbador, é um treino diário.

Outro, seria não registrar a experiência ruim e não empulhar nossa memória com dados inúteis.

Sendo assim, devemos pensar no futuro apenas para traçar metas. Não devemos sofrer por antecipação. Não podemos dispensar o presente, único momento que temos para ser estáveis e felizes.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 20% sofrem com a depressão. A ansiedade provavelmente é sentida por 80%, de crianças a idosos. Pensar é bom, pensar com consciência crítica é ótimo, mas pensar excessivamente e sem gerenciamento é uma bomba para a saúde psíquica, para o desenvolvimento de uma mente livre e criativa.

Cury considera pensar em excesso, como o excesso de informação, de trabalho intelectual, de atividades diárias, de preocupações, excesso do uso de smartphones e games. Isso tudo estimula fenômenos cerebrais e inconscientes que acessam a memória com uma velocidade nunca antes vista.

Com o excesso, a mente humana fica superexcitada e acaba sofrendo um desgaste sem precedentes. A sociedade moderna, consumista e rápida, nos faz adoecer coletivamente e nos torna reféns de nossa mente.

Crianças também têm pensamento acelerado, porque as submetemos a um trabalho intelectual escravo cada vez mais cedo, fato este que acontece em todas as sociedades modernas.

Para Cury, os ministérios da educação de todo o mundo estão errados ao avaliar os alunos pela assertividade de dados na prova. Se quisermos formar pensadores, devemos avaliar também a capacidade de cooperação, de debater ideias, o altruísmo, a capacidade de pensar antes de reagir, de se colocar no lugar dos outros.

Por sua vez, os pais estão completamente perdidos, pois acreditam que sobrecarregar seus filhos com múltiplas atividades garante que serão adultos mais bem preparados no futuro. Cometem erros estúpidos, como dar brinquedos e roupas em excesso, incentivar o uso de games e jogos em computadores, tablets e celulares.  Acham que, assim, criam adultos brilhantes.

Mas o gênio desaparecerá na adolescência. Entra em seu lugar um jovem que não sabe lidar com as perdas, nem corrigir o que deu errado, nem se colocar no lugar do outro, que é fundamental para ter sucesso no futuro.

Cury aconselha aos pais para que não tenham medo — Criança tem de ter infância, brincar. Desacelerar a criança com SPA é fundamental. Encorajá-la, a desenvolver atividades mais lentas e lúdicas, como ouvir músicas tranquilas (música clássica), tocar instrumentos, pintar, praticar esportes, fazer teatro, pode ser muito útil. Agitar a mente não é garantia de nada,  nem relevante para formar mentes brilhantes.

Mas então, qual seria a vantagem de pensar rápido? Para Cury, não tem como não ser hiperpensante do jeito como vivemos hoje. Somos bombardeados com informações, e o registro na memória é involuntário.

Nos computadores somos deuses, arquivamos o que queremos, quando queremos. Em nosso córtex cerebral não tem jeito, os registros acontecem sem nossa vontade, assim, hoje temos muitas informações que não são usadas como conhecimento, que também  não são usadas como experiência e, esta por sua vez, não é usada como as funções complexas da inteligência: pensar antes de reagir, colocar-se no lugar do outro, ser flexível e saber gerenciar o pensamento.

Cury também nos trás o exercício do DCD (duvidar, criticar e decidir). Toda vez que pensamos ou imaginamos alguma coisa, geralmente fantasiamos o resultado, muitas vezes sofremos por antecipação, Cury nos garante que 90% não acontece como imaginamos e apenas 10% acontece de forma diferente do que pensamos!

Devemos parar de arquivar experiências ruins sem antes passá-las pelo exercício do DCD. Duvidar de tudo o que nos aprisiona, criticar cada pensamento que nos fere e determinar estrategicamente aonde queremos chegar em nossa qualidade de vida e em nossas relações sociais são tarefas fundamentais do Eu.

O maior desafio do Eu é deixar de ser um espectador tímido e assumir no palco seu papel fundamental como gestor da mente. 

Cury cita ainda que toda vez que hiperaceleramos os pensamentos, a emoção perde em qualidade, estabilidade e profundidade, tornando-se necessário cada vez mais estímulos, aplausos e reconhecimento para sentirmos “um pouco” de prazer.

Segundo o autor, somos tão complexos, que, quando não temos problemas, nós os criamos. Por exemplo, milhões de pessoas em todas as sociedades modernas cobram demais de si mesmas. Elas usam o pensamento não para se libertar, mas para se aprisionar e punir quando falham ou não correspondem a suas expectativas.

Pode-se dizer que nesta obra, Cury oferece  as ferramentas para que o leitor aprenda a desacelerar seu pensamento, a gerir suas emoções de maneira eficaz para alcançar e/ou resgatar sua qualidade de vida, entretanto,  é preciso exercitar diariamente suas técnicas, já que as recaídas são inevitáveis!

É importante frisar também que, este livro deve ser lido, relido  e relido... claro, sempre respeitando o tempo de cada um, já que mudanças envolvem um tempo para pensar, questionar-se, observar-se, enxergar-se e, finalmente, um tempo para decidir-se, assim, tome seu tempo, mas DESACELERE, enquanto é tempo!


Ansiedade - Como Enfrentar o Mal do Século  
Autor: Augusto Cury
Editora: Saraiva
Preço: De R$ 10,30  a  R$ 14,90


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