O livro O Projeto Longevidade: Descobertas Surpreendentes
para a Saúde e Vida Longa, a partir de
um estudo referencial de oito décadas, apresenta hipóteses que colocam por
terra muito do que se acreditava, até então, como fatores determinantes para
uma vida longa, saudável e feliz.
Uma das conclusões mais surpreendentes é de que não existe
qualquer relação direta entre hábitos saudáveis e vida longa. Ao contrário do
que o senso comum indica, consciência, persistência, prudência e
responsabilidade são características
muito mais importantes do que descontração, relaxamento e alimentação
saudável, para quem deseja ter uma vida
mais longa e saudável.
Os autores do livro, professores de psicologia, Howard Friedman e Leslie Martin, da
Universidade da Califórnia (EUA), formularam suas teses a partir de um estudo do
psicólogo americano Lewis Terman, que em 1921,
escolheu 1.528 alunos brilhantes, de 11 anos de idade, em São Francisco, para uma pesquisa a longo prazo sobre os
indicadores sociais da liderança intelectual.
Entrevistou as crianças, suas famílias, seus professores, estudou suas brincadeiras habituais, o casamento de seus pais e se suas personalidades eram diligentes, extrovertidas ou alegres. Ele e sua equipe reuniam-se com os participantes a cada cinco ou 10 anos.
Entrevistou as crianças, suas famílias, seus professores, estudou suas brincadeiras habituais, o casamento de seus pais e se suas personalidades eram diligentes, extrovertidas ou alegres. Ele e sua equipe reuniam-se com os participantes a cada cinco ou 10 anos.
Terman morreu em 1956 e, mais de três décadas depois, em
1990, o psicólogo Howard S. Friedman e Leslie R. Martin — sua aluna de
graduação na época — perceberam que um
recurso inestimável para estudar bem-estar e longevidade existia no próprio
estado da Califórnia e transformaram a pesquisa em um estudo de saúde.
Friedman e Leslie utilizaram os dados colhidos pela
pesquisa, investigaram caso a caso, resgataram
atestados de óbito e fizeram perguntas de Terman e de sobreviventes dos
participantes do estudo, reunindo em livro as descobertas surpreendentes, bem
como, tudo o que importa para quem quer ter uma vida mais saudável e duradoura, culminando no mais extenso estudo já
feito sobre saúde e vida longa.
A grande surpresa foi que a personalidade e o caráter das
crianças podem prever a sua saúde e longevidade através de décadas, mais do que
o nível socioeconômico, a persistência, a confiança e os laços sociais
realmente importavam para promover a saúde.
Crianças confiáveis e prudentes, em média, evitavam riscos e
tinham relações estáveis, um grande impulso para a saúde, a felicidade e a
longevidade. Em muitos casos, os participantes fizeram a sua própria sorte: uma
personalidade responsável ajudou a evitar até mesmo riscos aparentemente
aleatórios.
Segundo Friedman e Martin, a principal característica da
personalidade que permite a previsão de vida longa é ser consciencioso. Não
foram sempre as crianças mais alegres que tiveram a vida mais longa; foram
aquelas que faziam o dever de casa, aquelas cujos pais diziam: ela tem uma
cabeça boa.
Essas crianças desenvolveram padrões saudáveis e os
mantiveram. Quem não era confiável quando criança mas se tornou mais
responsável na idade adulta, também se deu bem.
Todos sabem que as pessoas felizes são mais saudáveis. E
todos supõem que a felicidade as leva a serem mais saudáveis, mas não foi o que
descobrimos. Ter uma profissão envolvente, boa instrução, um relacionamento bom
e estável, estar ligado aos outros — essas coisas trazem saúde e felicidade.
O estresse não é tão ruim. O tempo todo ouvimos falar dos
perigos do estresse, mas foram os mais envolvidos e dedicados a realizar alguma
coisa que se mantiveram mais saudáveis e viveram mais tempo. Não é bom ser
esmagado pelo estresse, mas os que viveram mais e melhor foram os que não
tentaram relaxar nem se aposentar cedo, foram os persistentes, que enfrentaram
os desafios.
Junte-se às pessoas certas. Para ser mais saudável, o melhor
é pensar com que tipo de gente convivemos. Quem se envolve com quem ajuda os
outros se torna mais confiável, passa a ter boas razões para acordar de manhã e
não sair para beber até tarde da noite. Um dos segredos da longevidade é
participar de grupos e escolher passatempos ou profissões que nos levam a
adotar padrões e atividades saudáveis. Esse é um modo gradual mas eficaz
de mudar.
Embora a personalidade pareça afetar a longevidade, os
pesquisadores afirmam que os brincalhões da turma de hoje não devem temer uma
morte precoce. As pessoas podem mudar e aqueles que reforçam a sua ética de
trabalho, mais tarde na vida, também
vêem os benefícios na saúde e longevidade.
O estudo Friedman X Martin X Terman é único por acompanhar
um grupo singular de participantes da infância à morte, mas como colocar as mesmas
perguntas para participantes após um período de 80 anos?
Friedman concordou com Martin e uma das perguntas originais
de Terman para os pais era Qual a probabilidade de você repreender um
trabalhador? — pouco relevante na
vida contemporânea. Empregando uma complicada mensuração linguística denominada
fator de análise, os pesquisadores puderam criar o equivalente para o século
21: Como você lida com colegas de trabalho?.
Muitos presumem que a biologia é o fator crítico para a
longevidade, ou seja, se seus pais viveram até os 85 anos, você, provavelmente,
também viverá. Não é assim, diz o doutor Friedman. Os genes constituem
cerca de um terço dos fatores que levam à longa vida, ele disse. Os
outros dois terços têm a ver com estilos de vida e sorte.
Como um exemplo de sorte, ele citou os veteranos da Segunda Guerra Mundial. Um
número muito maior dos que foram para o exterior, especialmente para o
Pacífico, morreu depois da guerra do que os que foram mobilizados nos Estados
Unidos, ele disse. Em determinado ano, homens enviados para outros países
tinham uma vez e meia mais chance de morrer, comparados com seus pares que
ficaram nos EUA.
Por sua vez, veteranos de guerra são menos propensos a viver
vidas longas, mas surpreendentemente o estresse psicológico da guerra em si não
é necessariamente uma ameaça à saúde, pelo contrário, é uma cascata de padrões
não saudáveis que às
vezes predomina.
Assim, aqueles que encontram significado em uma experiência
traumática e são capazes de restabelecer um senso de segurança sobre o mundo
são geralmente os que voltam para um caminho saudável.
Pessoas que se sentem amadas e cuidadas apresentam uma
melhor sensação de bem-estar, mas isso não os ajuda a viver mais tempo. A
vantagem mais clara das relações sociais de saúde vem sendo envolvida em ajudar
os outros. Os grupos que associam, muitas vezes, determinam o tipo de
pessoa você se torna — saudável ou
não.
Segundo os estudiosos a chave para a longa vida é a
consciência — que é, afinal, o que mantém as pessoas na escola. Existem três
explicações para o papel predominante da consciência. A primeira e mais óbvia é
que as pessoas conscientes têm maior probabilidade de viver de modo saudável,
não fumar ou beber em excesso, usar cinto de segurança, seguir as ordens dos
médicos e tomar remédios quando prescritos.
Em segundo lugar, as pessoas conscientes tendem a se
encontrar não apenas em situações mais saudáveis como também em relacionamentos
mais saudáveis: casamentos mais felizes, melhores amizades, condições de
trabalho mais saudáveis.
A terceira explicação para a relação entre consciência e longevidade é a mais
intrigante. Ele e outros pesquisadores descobriram que algumas pessoas são
biologicamente predispostas não apenas a ser mais conscientes, mas também mais
saudáveis. Não apenas os indivíduos conscientes tendem a evitar mortes
violentas e doenças ligadas ao fumo e à bebida, como têm menos tendência a uma
série de doenças, não apenas as causadas por hábitos perigosos, eles
escrevem.
Os pesquisadores descobriram ainda que algumas pessoas são biologicamente
predispostas a serem não só mais conscientes, mas também mais saudáveis. A
explicação fisiológica precisa é desconhecida, mas parece ter a ver com níveis
de substâncias como serotonina no cérebro.
Quanto ao otimismo, tem seu lado negativo. Se você é
alegre, muito otimista, especialmente diante das doenças e da recuperação, se
não considera a possibilidade de acontecer contratempos, então esses reveses são
mais difíceis de lidar, disse a doutora Martin.
Para a psicóloga Leslie, os felizes e extrovertidos acabaram
adotando ao longo da vida hábitos e comportamentos mais arriscados, o que fez
que muitos, por exemplo, morressem em acidentes. Assim, uma quantidade moderada de ansiedade e
preocupação parece ser o ideal para uma vida longa.
E quanto a exercícios? Por mais que exercícios e estilo de
vida sejam importantes para a saúde e também para a longevidade, chegar a
extremos, necessariamente, não estenderá
seu prazo da vida, muito embora a organização e a persistência necessárias para
chegar lá provavelmente sejam.
Não trabalhem demais, não se estressem, não
funciona como conselho para uma boa saúde e longa vida. Os que foram mais
envolvidos e comprometidos com seus trabalhos, continuamente produtivos, viveram
muito mais tempo do que seus companheiros mais descontraídos.
Brincar com os animais não é associado com vida mais
longa. Animais de estimação podem às vezes melhorar o bem-estar, mas eles
não são um substituto para os amigos.
Sobre relacionamentos amorosos, o livro de Friedman e Leslie
indica que casamentos costumam ser melhor para homens do que para as mulheres.
No caso deles, os que se casaram viveram mais. Para elas, a questão é
indiferente: casar-se ou não em nada altera a expectativa de vida.
Por sua vez, homens que
se casaram e ficaram casados, eram propensos a viver além dos 70 anos,
entretanto, menos de um terço dos homens divorciados chegaram a essa idade. Por
fim, homens que nunca se casaram sobreviveram aos que se divorciaram, mas não aos
que permaneceram casados.
Outra descoberta é que tanto homens quanto mulheres com
traços considerados mais femininos, como desejo por companhia e
compartilhamento de sentimentos, vivem mais do que as pessoas com traços mais
fechados, masculinos.
O indicador social mais poderoso para a vida longa, segundo o estudo, estaria numa forte rede social — um sistema
social de apoio, ao qual mulheres estão mais inclinadas a possuírem. Dentre as
diferenças macho X fêmea, essa é uma grande parcela, afirmou Friedman.
Curiosamente, viúvas vivem mais que viúvos. Elas também
tendiam a viver mais que mulheres ainda casadas. Já os viúvos neuróticos viviam mais que seus pares menos neuróticos — estavam mais propensos a cuidar de sua saúde
após perderem suas esposas.
Segundo Martin, O Projeto Longevidade, além de continuar provocando muitas polêmicas ainda está longe de estar
finalizado, pois há outras variáveis a serem estudadas que afetam a saúde, como
os padrões de sono e, por outro lado, ela também quer saber como suas
descobertas podem afetar políticas públicas.
Segundo Friedman e Martin, nunca é tarde demais para
escolher um caminho mais saudável. O primeiro passo é jogar fora as listas e
parar de se preocupar tanto com os detalhes.
As pessoas acham que vai nos ajudar a levar uma vida longa e
saudável, como se preocupar com a proporção de ômega-6 para ácidos graxos
ômega-3 nos alimentos que ingerimos, na verdade, são pistas falsas, que nos
distraem do problema principal, disse Friedman e acrescentou: Quando reconhecemos
os padrões de longo prazo saudáveis e
não saudáveis em nós
mesmos, podemos começar a maximizar os padrões normais.
"Pensando em fazer mudanças como a tomada de “medidas” é
uma grande estratégia", disse Martin e aconselhou: Você não pode mudar as
coisas importantes sobre si mesmo do dia para a noite. Mas fazer pequenas
mudanças, e repetir os passos, pode, eventualmente, criar esse caminho para uma
vida mais longa.
Na verdade, pesquisas que estudam os sucessos e fracassos
nos mistérios da longevidade parecem não ter fim, já que o homem é incansável
quando a questão é sua autopreservação e longevidade, mas, quanto mais sua expectativa de vida aumenta,
maior é a luta entre longevidade e qualidade de vida.
O fato é que ter uma vida longa, ativa e com saúde é o
desejo da maioria da população mundial, pois “O PLUS” não é só chegar a 90, 100
ou 110 anos, mas sim chegar bem, portanto, leia o livro e esteja pronto para
pesquisar outros recursos para poder compreender melhor, pois como disse
Picasso: A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que
morre dentro de nós enquanto vivemos.
Quem são Friedman e Leslie?
Howard S. Friedman graduou-se em Yale e doutorou-se em
Harvard; atualmente é professor da Universidade da Califórnia, em Riverside, e
foi honrado com os prêmios maiores da Associação Americana de Psicologia e da
Associação de Ciências Psicológicas dos EUA. Dr. Friedman editou e escreveu
vários livros, além de 150 artigos científicos, recebendo o título de
“Psicólogo Mais Citado” do Instituto para Informação Científica (ISI, na sigla
em inglês). Sua pesquisa sobre saúde e longevidade foi amplamente divulgada em
publicações de todo o mundo.
Leslie R. Martin é coautora de O Projeto da Longevidade;
doutora pela Universidade da Califórnia, atualmente é professora de psicologia
na Universidade La Sierra, localizada em Riverside, onde recebeu o prêmio como
“Pesquisadora Destaque” e o prêmio Anderson por “Excelência no Ensino”. Ela
também é pesquisadora da Universidade da Califórnia.
Projeto Longevidade
Autores: Howard S. Friedman e Leslie R. Martin
Editora: Prumo Conhecimento
Tradutora: Thais Costa
Ano Publicação: 2012
Preço: De R$ 20,38 até R$ 37,90
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