Não Engula o Chiclete! — Mitos, Meias Verdades e Mentiras Descaradas Sobre o Corpo e a Saúde

Eles são tão antigos que ninguém mais sabe quando ou por que surgiram. Alguns têm origem financeira, outros surgem pela necessidade de explicar o que ainda é inexplicável, mas o fato é que dezenas de mitos equivocados sobre nosso corpo e nossa saúde permanecem ano após ano em uma lista de verdades absolutas — sem que tenham qualquer fundamento.
→ Comer à noite engorda?
→ Engolir chiclete fica grudado no estômago por 7 anos?
→ É necessário beber no mínimo oito copos de água por dia?
→ Esperar ao menos uma hora após comer para entrar na água?
→ Estalar os dedos com frequência causa artrite?
→ Usamos apenas 10% do cérebro?
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Para desmentir ou reafirmar a veracidade de alguns dos mitos que diariamente ouvimos sobre o corpo humano e a saúde, os médicos e pesquisadores americanos Aaron Carroll e Rachel Vreeman escreveram o livro “Não engula o chiclete! — Mitos, Meias Verdades e Mentiras Descaradas sobre o Corpo e a Saúde”. Com texto bem-humorado e descontraído os autores apresentam uma coletânea atualizada e reveladora de mais de oitenta textos curtos, contendo peculiaridades e fatos esclarecedores e práticos sobre saúde e bem-estar.
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Sobre os autores
Aaron Carroll é professor-associado de Pediatria e diretor do Cento de Pesquisa em Políticas de Saúde e Profissionalismo, na Faculdade de Medicina da Universidade de Indiana e, Rachel Vreeman é professora-assistente de Pediatria no Centro de Pesquisa em Serviços Pediátricos, na Faculdade de Medicina da Universidade de Indiana, e codiretora de Pesquisa Pediátrica para o Modelo Acadêmico na Prevenção e no Tratamento de HIV/AIDS [AMPATH].

A ideia desse livro surgiu depois do frenesi causado na comunidade médica pelo artigo de sua autoria Medical Myths Even Doctors Believe — Mitos da medicina nos quais até os médicos acreditam — publicado no British Medical Journal em dezembro de 2007.
"Os médicos têm resistência em reconhecer que estão errados, mesmo com as evidências provando o contrário", afirmou Carroll à revista ISTOÉ. "Houve tanta repercussão que decidimos publicar o livro". Para julgar a validade das afirmativas, os autores contrastaram as principais crenças com a literatura médica.

Segundo a dupla, a sobrevivência de mitos ocorre pela confusão que se faz entre os conceitos de "causa" e "associação" na pesquisa médica. "Quando um fato está associado a um sintoma, não quer dizer que gere o sintoma", explica Rachel. É o caso da ideia de que tempo frio causa resfriado. Ele não causa, mas como o resfriado, por outras circunstâncias, é mais comum no inverno, a sabedoria popular criou uma verdade por associação.
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"As pessoas não estão dispostas a abandonar as crenças que explicam seus mundos e suas ações", afirma Aaron. Daquela confiança cega, conclui o médico, vêm a força e a longevidade de muitos mitos - que sobrevivem até mesmo na área de saúde. Portanto, é natural que todos já tenhamos acreditado em muitos dos mitos apresentados neste livro. Aqui, relacionamos alguns dos mitos publicados neste livro com as informações equivocadas que ouvimos e o que há por trás deles.
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A febre é um sintoma de nascimento dos dentes?
A maioria dos pais acredita que a febre é um sintoma de nascimento dos dentes. Contudo, não há prova cientifica que justifique a relação, como apontou um trabalho realizado no Royal Children's Hospital, na Austrália. "A pesquisa não confirma a forte relação feita entre a erupção dos dentes e a febre", escreveram os autores. De acordo com o pediatra Moisés Chencinski, de São Paulo, o surgimento dos dentes é um processo natural, portanto não agressivo. "Por isso, não causa febre", explica.
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Após comer, é preciso esperar duas horas para tomar banho ou ir à piscina?
Quando você era criança, provavelmente foi repreendido pelos seus pais por querer dar um mergulho após a refeição. Mas, segundo os médicos americanos, isso também não tem respaldo da ciência. O que especialistas brasileiros acreditam, porém, é que o melhor é evitar entrar na piscina após uma refeição pesada. "Se a pessoa comer uma feijoada pode ser prejudicial", diz Berger.
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Ele sustenta a ressalva com a explicação de que uma digestão mais trabalhosa exige maior quantidade de sangue.Em nossa pesquisa, não conseguimos encontrar nenhum caso de afogamento, ou de quase afogamento causado por refeição prévia.
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É verdade que o aparelho digestivo direciona para a barriga uma parte da circulação sanguínea dos músculos, depois de comer, para ajudar na digestão. Como ocorre com qualquer exercício imediatamente após comer, você talvez se sinta desconfortável se for nadar após uma farta refeição.
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Mas mesmo que tenha cólica, é muito improvável que venha a ficar completamente imobilizado. Se sentir cólica, deve simplesmente sair da água e dar um descanso para o corpo..
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Arrancar um fio de cabelo branco, nascem dois em seu lugar?
A verdade é que seus cabelos brancos se multiplicarão com o passar do tempo, mas arrancá-los não tem nada a ver com isso. Cada cabelo nasce de um único folículo. Arrancar um fio de cabelo não fará que dois nasçam desse mesmo folículo.
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Durante o tempo em que o fio branco original está crescendo de novo, é normal que os outros cabelos ao lado continuem embranquecendo por conta própria. Arrancá-los não tem nada a ver com seu aumento, é o tempo que faz isso..
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Cortar ou não, o cabelo cresce um centímetro por mês e ajuda os fios a crescerem mais fortes? — seria a cura da calvície?!!!"
Não há nada que altere o ritmo de crescimento dos cabelos", diz a dermatologista Maria Fernanda Gavazzoni, da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. "Eles crescem um centímetro por mês, independentemente de terem sido cortados ou não."
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E se você raspar seus pelos, eles vão nascer mais grossos? Se você é mulher e tem um pouco mais de buço do que gostaria, provavelmente sempre achou que raspando esses pelos eles crescem mais escuros e mais grossos que antes.
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E sua mãe talvez tenha avisado, na primeira vez que você quis raspar as pernas, que os pelos voltariam - piores. Há várias pesquisas científicas comprovando que os pelos raspados não crescem mais escuros do que antes. Como os pelos raspados não têm a aparência delgada do pelo não raspado, eles parecem mais grossos (mesmo não sendo). E também podem dar a sensação de mais ásperos por causa da ponta afilada.
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Além disso, os pelos novos que estão crescendo ainda não tiveram a oportunidade de clarear pela ação do sol, por isso, no começo são mais escuros do que os pelos existentes.”..

Comer à noite engorda?
Há uma opinião quase unânime de que comer à noite engorda. O conceito prevalece a despeito do fato de muitos estudos mostrarem que não existe associação entre o horário da refeição e o ganho de peso em indivíduos com peso normal.
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Um dos trabalhos citados por Carroll e Rachel foi feito na Suécia e revelou que o ganho de peso está relacionado apenas à quantidade de calorias consumidas ao longo do dia. Outra pesquisa, da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, reforça a constatação. O estudo envolveu 2.980 homens e mulheres obesas e não obesas.Os estudiosos não encontraram relação significativa entre alimentação noturna e ganho de peso.
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Exceto entre as obesas, que ganharam em média cinco quilos. A explicação seria a de que, para elas, já com tendência ao acúmulo de gordura, a refeição à noite é ainda mais prejudicial..
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Desodorante antitranspirante causa câncer de mama?
Um dos mitos mais populares é que o uso de desodorante antitranspirante pode causar câncer de mama. A ideia por trás disso é que esses produtos impedem o corpo de eliminar as toxinas por meio do suor. Elas então ficam retidas nos nodos linfáticos, onde podem causar câncer ao induzir mutações no DNA das células.
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Não existem estudos científicos publicados que corroborem essa ideia de que os antitranspirantes causam câncer de mama. Em especial, pesquisas envolvendo milhares de pessoas não constataram associação nenhuma entre o uso de antitranspirante e o câncer de mama.
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Se o câncer é de mama, ele não poderá surgir na axila - que não tem ligação com o órgão mamário. "Só quando o câncer surge na mama e fica invasivo é que pode ir para os nódulos linfáticos.”.

É necessário beber, no mínimo, oito copos de água por dia?
Quase todo mundo já foi orientado a tomar oito copos de água por dia. O primeiro registro da recomendação é de 1945, quando o National Research Council, dos EUA afirmou que adultos deveriam tomar dois litros e meio de água diariamente. Porém, segundo os autores americanos, trata-se de um mito.
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A contribuir com a posição está Heinz Valtin, da Escola de Medicina Dartmouth. Ele fez uma revisão na literatura médica e consultou nutricionistas em busca de evidências que justificassem o conselho. "Não encontrei nenhum suporte científico", disse à ISTOÉ.
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O tema, entretanto, suscita debate. O gastroenterologista Eduardo Berger, do Hospital Edmundo Vasconcelos, defende a recomendação. Segundo ele, perdemos cerca de três litros de água por dia através da urina, do suor e da respiração, que devem ser repostos sob o risco de desidratação. Não existem provas científicas de que você precisa beber nem perto de oito copos todos os dias.
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O doutor Heinz Valtin estudou bancos de dados eletrônicos, além de consultar nutricionistas e colegas especialistas em equilíbrio de água no sangue. Em toda essa pesquisa, não foi possível encontrar indícios científicos de que seja necessário beber oito copos de água por dia.
Na verdade, os estudos apontam que já consumimos líquido em quantidade suficiente com o que comemos e bebemos todos os dias..
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Engolir chiclete fica grudado no estômago por 7 anos?
A maior parte das vezes, seu estômago não consegue quebrar as moléculas da goma da mesma maneira como faz com os alimentos.
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A goma de mascar é feita de goma, adoçantes, aromatizantes e agentes de sabor. A goma em si é basicamente impossível de ser digerida. É uma mistura de elastômeros, resinas, gorduras, emulsificantes e ceras. O açúcar e outros adoçantes do chiclete podem ser absorvidos, mas as ceras, resinas e elastômeros resistem ao poder dos sucos gástricos que tentam rompê-los. Entretanto, o trato digestivo simplesmente continua empurrando essas coisas adiante, intestino afora, até que elas saiam pela outra extremidade.
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Em geral, o chiclete acaba no vaso sanitário um ou dois dias depois de ter sido engolido expelido pelo movimento peristáltico que empurra substâncias existentes nos intestinos até que elas saiam do corpo.
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Estalar as mãos causa artrite?
Aqueles que gostam de estalar as articulações dos dedos das mãos não têm mais chance de ter artrite que as demais pessoas. Em pesquisas sobre o funcionamento das mãos em adultos e em estudos com idosos com ou sem artrite, os portadores da doença não tinham tido o irritante hábito de estalar as juntas dos dedos.
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Porém existem outros bons motivos para não fazer isso: estalar as juntas dos dedos favorece o inchaço das mãos e reduz a força manual. A literatura médica também contém relatos de lesões nos dedos causadas pelo hábito de estalar as juntas...

Ler com luz fraca prejudica a visão?
A crença que relaciona a intensidade da luz a prejuízos oculares apareceu depois da associação de casos de estrabismo à leitura à luz de velas, frequente nos tempos sem energia elétrica.É certo que pouca iluminação pode dificultar o foco e também diminuir o número de vezes que você pisca, causando desconforto aos olhos.
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A verdade é que a atitude gera, no máximo, ressecamento dos olhos. “Mas não há dano permanente”, diz o oftalmologista Noé Luiz De Marchi, da Associação Médica Brasileira. Entretanto, a verdade é que os efeitos desse esforço ocular não duram. Assim que a iluminação volta a ser adequada, esses efeitos desaparecem.
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Embora ler nessa condição tencione os olhos com o acúmulo de efeitos negativos temporários, é improvável que isso cause uma mudança permanente no funcionamento ou na estrutura ocular..

Levantamento de peso gera desenvolvimento de hérnia de disco?
Carroll e Rachel também questionam a relação entre levantamento de peso e desenvolvimento de hérnia de disco. Segundo eles, é possível, mas raro, que isso aconteça.
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Em geral, a dor que pode ser sentida quando se levanta algum peso apenas evidencia a existência prévia de uma hérnia. Os principais fatores que geram o problema são a predisposição genética, os vícios de postura e o desgaste das cartilagens ocorrido com o envelhecimento. "Ela pode surgir também a partir de uma fissura gerada por um movimento brusco", afirma o reumatologista Milton Helfenstein, da Unifesp.
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Estudo com 129 pacientes com hérnia de disco revelou que nenhuma foi causada por levantamento de peso. Apenas 10% das hérnias necessitam de intervenção cirúrgica. A maioria se resolve com tratamentos como acupuntura, a técnica que enfrentou preconceitos e resistências da classe médica ocidental até praticamente o final do século passado.
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No livro, eles provam que a colocação das agulhas funciona. "Sua eficácia é muito grande", afirma o médico Hong Jin Pai, diretor do Centro de Dor do Hospital das Clínicas de São Paulo...

Manga com leite faz mal?
Um dos mitos mais antigos talvez seja o de que comer manga com leite mata. O gastroenterologista José Figueiredo Penteado explica que essa história surgiu no Brasil Colonial, para evitar que os escravos roubassem o leite das vacas produzido nas fazendas, disseminou-se a crença de que a mistura da manga com o leite era prejudicial, podendo levar à morte.
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Não se acorda um sonâmbulo!
Há quem diga que acordá-lo pode levar a enfarte e até a lesões cerebrais. Não há estudos que comprovem isso, mas ele desaconselha a interação com o sonâmbulo por meio de estímulos fortes.Acordar o sonâmbulo pode deixá-lo confuso ou assustado e, em seu estado de confusão, ele pode se tornar violento e tentar atacar você.
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Há registros de raros casos de sonâmbulos que cometeram assassinatos durante o sonambulismo. Se você puder reconduzir a pessoa de volta à cama, essa parece ser a melhor estratégia.
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Mas isso não quer dizer que se você de fato acordá-la, ela estará correndo um risco maior de ter um ataque do coração ou um derrame. No máximo ele vai acordar assustado e desorientado, diz o neurologista Luciano Ribeiro Pinto, do Instituto do Sono, de São Paulo...
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O frio causa resfriados?
O frio não causa resfriados. Eles podem ser consequência de aspectos periféricos associados às baixas temperaturas. Em busca de calor, as pessoas se aglomeram em locais fechados e se tornam suscetíveis aos agentes propagados pelo vizinho.
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De acordo com os americanos, os vírus atacam tanto as pessoas submetidas ao frio quanto as que estão aquecidas. "Não há, por exemplo, relação entre gripe e pés e mãos frias", afirmam. Há, contudo, um ponto controverso porque o frio não causa gripe, mas facilita a entrada do vírus no corpo.
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"A atividade das vias aéreas superiores fica comprometida", explica o médico Antônio Carlos Lopes, da Universidade Federal de São Paulo. Segundo ele, quando o vento frio entra nas vias nasais, não há filtragem, umidificação e aquecimento do ar na região. O ar viaja direto ao pulmão com as impurezas do exterior, inclusive os vírus.
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Nenhuma inverdade é mais persistente do que o valor preventivo, para gripes e resfriados, da vitamina C ou dos suplementos de zinco. Vários trabalhos científicos atestam a ineficácia. Um deles foi feito pelo Departamento de Medicina Preventiva da Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha.
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"Não importa quanto você ingere de vitamina C ou zinco. Seu risco de ter um resfriado é o mesmo da população em geral", disse à ISTOÉ Bahi TaBahi Takkouche..

Usamos apenas 10% do cérebro?
O engano de acreditar que usamos apenas 10% do cérebro surgiu na primeira metade do século XX, quando alguns gurus e Albert Einstein — dizem — teriam feito tal afirmação. Usamos muito mais do que 10% do cérebro. "Você utiliza 100% do seu cérebro", escreveram Rachel e Carroll. O que não significa que seja bem usado, senão os mitos não prosperariam.
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O mito do cérebro ocioso foi minuciosamente desfeito por um especialista em neurociência, Barry Beyerstein. Muitas pesquisas com pacientes portadores de lesões cerebrais sugerem que danos causados em praticamente qualquer parte cérebro têm efeitos específicos e duradouros sobre as capacidades do ser humano.
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Se o mito dos 10% fosse verdadeiro, não haveria nenhum problema em lesionar várias regiões do cérebro. Diferentes tipos de procedimentos para obter imagens do cérebro, incluindo tomografias computadorizadas, ressonância magnética e até mesmo técnicas mais detalhadas, demonstram que nenhuma área do cérebro fica completamente inerte ou inativa.
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Nem mesmo estudos sobre o metabolismo das células que analisam como as partes do cérebro metabolizam ou processam substâncias químicas, revelam áreas adormecidas. Assim, por mais deprimente que possa parecer, provavelmente já usamos tudo o que temos!!!
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Vídeos educativos ajudam na evolução dos bebês?
Muitas são as teorias sobre técnicas que ajudam no desenvolvimento dos bebês. Nessa categoria, os vídeos educativos estão entre as opções mais usadas pelos pais. O que há de verdadeiro nisso? Segundo os pediatras americanos, nada.
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Uma recente pesquisa feita pela Universidade de Washington, nos EUA, indica que eles têm razão. Os cientistas entrevistaram mais de mil famílias com crianças de até dois anos que usavam os tais vídeos.
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Quando perguntados sobre a evolução dos bebês, eles relataram um número limitado de palavras balbuciadas. Isso ocorreria porque o conteúdo dos vídeos tende a ter pouco diálogo e cenas curtas e desconectadas."Os bebês ajustam sua linguagem a partir de sinais e palavras", afirma Andrew Meltzoff, da Universidade de Washington. "Gestos dão suporte a essa aquisição e, por isso, pais e cuidadores são os melhores professores.".

Vacina causa autismo?
Equívoco é acreditar que vacina causa autismo — transtorno psiquiátrico que pode levar a retardo mental e isolamento). A origem deste mito data de 1998, quando um estudo publicado na revista científica The Lancet lançou a suspeita.
O trabalho analisou 12 crianças, nove delas autistas. Oito pais acreditavam que a doença havia se desenvolvido depois de as crianças terem recebido a vacina tríplice viral — contra rubéola, caxumba e sarampo.
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Desde então, vários experimentos foram realizados para investigar a possível associação e não foi encontrado qualquer indício de que isso era verdadeiro. Em 2005, uma revisão de 31 pesquisas sobre o assunto realizada pelo Instituto Cochrane garantiu mais sustentação à inexistência de vínculo. "A ideia de fato não passa de um temor infundado", diz o médico Fábio Castro, vice-presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia.
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Pode-se dizer que ao lermos este livro, alguns mitos ficam claramente desmistificados, e outros ainda seguem ganhando poder. Muitos leitores ficarão espantados ao ouvir a verdade sobre coisas que eles escutaram a vida toda. Enquanto, alguns se recusarão a acreditar, outros estarão ansiosos para trazerem mais mitos para serem investigados.

Muitos desses mitos são difíceis de explicar ou negar e ganharam força por meio da observação do cotidiano, especialmente entre as comunidades mais pobres, onde essa crença é passada de geração a geração, em busca constante por algum tipo de ajuda para a cura de suas enfermidades.
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Porém, todos nós somos suscetíveis a crenças em certos mitos e, principalmente, num momento de desespero e impotência, quando nos defrontamos com determinadas enfermidades e cuja cura vai além de nossas possibilidades.
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O fato é que no momento do “vamos ver” seguiremos usando o que nos foi repassado de geração a geração, seja o chazinho da vovó, o azeite virgem na ferida, a marcela do campo para dores musculares e, até mesmo o recurso da medicina popular usado pelas rezadeiras.
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Verdade! Mito! Sabe-se lá! Crendices de uma época, não tão longíqua, que conquistou seu espaço quando “ o doutor” era o farmacista do bairro e a "vivência" dos mais velhos era a “solução” para amenizar a dor ou uma elucidação para o inexplicável.
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Confesso que, até hoje, continuo ouvindo e repetindo: Menina (o), não engula o chiclete por que ele gruda no estômago!
E você, quantas vezes ouviu essa ladainha? Quantas vezes a repassou sem se preocupar se era verdade, ou simplesmente um mito?
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Não Engula O Chiclete! — Mitos, Meias Verdades e Mentiras Descaradas Sobre o Corpo e a Saúde
Autores:
Dr. Aaron E. Carroll e Dra. Rachel C. Vreeman

Editora: Martins Fontes
Tradução: Maria Sílvia Mourão Netto
Preço: De R$ 27,90 até R$ 34,50
http:/Livrospralerereler.blogspot.com